novembro 29, 2005

De um lado da sala...



De um lado da sala estava a ausência da chuva. Um corpo reclinado no sofá ansioso pela manhã a fim de poder dormir. Abraçava a chávena de café borbulhante como se de uma criança frágil se tratasse e no tédio citadino ouvia as asas das pombas a fumegarem sombras estranhas no tecto de iluminação quase azul. Tinha nascido há quase um século e deitara-se no aconchegar murcho de poder vivenciar a intensidade proscrita daquilo a que chamavam juventude. O quadro na parede eram linhas direitas. O acre do café inadoçado amargava-lhe o olhar. Olhar meigo, redondo, negro... tão negro duma profundidade mística de cais abandonado... O telefone tocou. Ouviu uma pausa. Tocara uma só vez. Sentia um calafrio... os seios mimosos acariciavam-se mutuamente em nudez de segredos não revelados nesse afago. Estaria pronta a enfrentar a campainha grítica daquele sem fios a incendiar-lhe a curiosidade? Resolveu adormecer antes que fosse manhã. Resolveu sonhar antes que fosse tarde e resolveu acordar para mais uma noite de insónia abraçada ao fulminar vital.
Do outro lado da sala chovia. Um[...]

3 comentários:

Anónimo disse...

Sonha ate acordares...de manha...sem pressas...,esfrega os olhos e sonha...sonha ate voltar o conforto escuruo da noite...mas sonha...sonha...so son(h)o..

Anónimo disse...

finalmente... Ele voltou!!! o sonho... nao s tinha ido embora...Voltou!!!***

Anónimo disse...

e do outro.. alguém a escreve-lo... msm ao meu lado.. já mais esquecerei do primeiro texto que li deste alguém...! diferente... único.. talvez inteligente... talvez obscuro...mas dela!