Estilhaço...
Não guardei o leite no frigorífico...
simplesmente bebi do teu mesmo copo
orgulhei-me de ser venerada nessa sombra
ácida de corpos carpindo
era feérica a carpete de veludo
a agitação das ondas nesse meu quarto
onde o céu não mais era que o verdadeiro
onde o céu não mais era através da cortina baça
crescias em mim
sempre o fizeras lentamente
crescias em mim...
algures voltámos atrás
algures
nem percebi bem quando, nem o quê
ou se porque...
algures
e o leite desaparecera
e a carpete
e o mar ascórbico
e o teu corpo...
Só a janela:
a velha janela feita de tela de universo
ainda lá está
fingindo-se janela,
caindo na filtragem da memória
decaindo...
deixando-se penetrar pelas eras e silvas
pelas heras e salvas da invasão-mater
vinda da natureza de fora...
6 comentários:
escuro
moribundo
soturno
todo mundo
feito luz
todo em mim
mundo inacabado
tanta vez recomeçado
incerto mesmo assim
Nunca é tarde para mergulhar na janela, e dela fazer janela da alma…
Renovar memórias, corpos, sentires…
(torna-los reais…)
Permitir-lhes que cresçam como heras, numa nova era, de um novo sentir…
poesia plena de cotidiano...aí é que está a beleza...
beijos
a.h.
de algum modo as coisas físicas ficam e raramente mudam, nós estamos em constante mutação
...
por isso encontramos o que fica... "a velha janela feita de tela de universo ainda lá está"
...
bonito
:)
Quando os dias são longos,
as noites intermináveis
e de nada mais se tem vontade
ainda resta algo importante,
o sentimento da amizade.
Perto ou longe é tão bom saber
que existe alguém que torce por você
e sempre deseja lhe ver.
Se chove ou faz sol,
frio ou calor
a tempestade do amor
é que vai auxiliar
seu coração palpitar.
Carinho nunca é demais,
está provado o bem que ele faz,
e o quanto pode ajudar
a dar força e coragem
a quem está em desvantagem.
Resumindo eu só posso dizer
que estou aqui pra você
e onde se lê
"carinho nunca é demais"
leia-se;
"pra você eu quero sempre ser mais."
Pasmo com o texto.
Aquela janela...
Este texto, este quadro, esta música...fez-me lembrar a Janela por onde Ramon Sampedro imaginava e sonhava com a vida enquanto "morria" aos poucos tetraparaplégico numa cama, no filme, Mar Adentro.
Que pancada estes versos
Bjs
Eugénio Rodrigues
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