fevereiro 28, 2007

Rasurai-me....

foto: José Lopes

Recado


ouve-me
que o dia te seja limpo e
a cada esquina de luz possas recolher
alimento suficiente para a tua morte

Al Berto (Horto de Incêndio 1996)

15 comentários:

Klatuu o embuçado disse...

Um grande poeta!

Dark kiss.

Alê Quites disse...

Nusga!
Fortes e breves palavras.
Tenha um bom dia.
Beijos!

Manuela B. disse...

Adorei ler-te,
a palavra tem o dom de te dizer belos
poemas ao ouvido...

e escreves a magia de quem sabe dizer toda a beleza de um texto...

o meu sorriso de veludo para ti...

Jose disse...

Al Berto, é mais um poeta que este país mestinho não consegue reconhecer toda a sua essência.
Continuamos agarrados simplesmente aos dinossauros.
Também eu não me canso de ler Al Berto.



José

Susano disse...

Frontal.

Anónimo disse...

Palavras simples,calmas e nitídas.

Beijinhos Zita

Alisson da Hora disse...

hfpuxa, alimento suficiente para a morte em uma esquina de luz...lindo...

abraços

a.h.

Espaços abertos.. disse...

Grande poema do Al Berto ,tive o prazer de o conhecer pessoalmente,era natural de Sines e partilhei com ele momentos fantásticos.

Bom fim de semana

Beijinhos Zita

Serenidade disse...

Em cada um dos dias da nossa vã existência devemos alimentar-nos para a nossa morte, esta sim é certa, assim como a vida o é... Alimentar a passagem para...
Gostei muito de passar por aqui.

Beijos de luz serena

Alisson da Hora disse...

abraços noturnos...

a.h.

PintoRibeiro disse...

(É muito difícil comentar nesta caixa...) Vim deixar um abraço, bom, domingo.

o alquimista disse...

Achei mágico o teu espaço...

linfoma_a-escrota disse...

ARREPIOS

Acordado pela cruel chuva que não cessa de cair
olho e vejo teu amoroso glóbulo acastanhado,
da estéril cor do mel,
exalando entranhado perfume
tão doce, tão eterno, tão querido.

Circunscritos, sem tormentos, lado a lado,
bem agarrados no primeiro vão de escada
já chega de dor meu anjo adorado
neste casulo deixamos de sentir,
vendo a vida do exterior
inconscientes ao vento húmido e frio
que sopra sinistro mas longínquo...

Tua mão ao de leve toca-me
bem no fundo do meu descuidado coração,
canta o Outono
coram as estrelas na sua imensidão,
com contentes carícias nos teus braços,
deixo-me ser amado...

Ouve-me,
ouve-me devagar
meu frágil anjo estelar,
sem ruídos de fundo
para mais noites calmas
sem sangue nem vísceras.

Vem,
vem passear comigo até às ilegíveis constelações,
vem passo a passo
nesta sóbria demência
vamos partir corações
para a terra onde ursos polares vagueiam...

(o autor pisca o olho à lua).

Repara nos lábios magoados,
sua cor levemente constrangida,
lá se vão as aragens perdidas...
Que gelada troca de saliva, sabe a absinto,
Vãs veias relaxam neste incómodo silêncio
enquanto a gasolina perde saliência e
o medo que retorcia o estomâgo
desaparece progressivamente...

in fotosíntese 2001

joãomeirinhos
www.motoratasdemarte.blogspot.com

Anónimo disse...

alimento para a morte, a vida resume-se a isso....
as formigas no verão recolhem alimento para o inverno, o verão delas é a nossa vida e o seu inverno a nossa morte!!!

Göttlicher Teufel disse...

a morte...