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fevereiro 28, 2007

Rasurai-me....

foto: José Lopes

Recado


ouve-me
que o dia te seja limpo e
a cada esquina de luz possas recolher
alimento suficiente para a tua morte

Al Berto (Horto de Incêndio 1996)

dezembro 03, 2006

Botão em flor

foto: Alba Luna

Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro...

Clarice Lispector


novembro 18, 2006

A ti Mário...


7

Eu não sou eu nem sou o outro
Sou qualquer coisa de intermédio:

Pilar da ponte de tédio
Que vai de mim para o Outro.

Mário de Sá-Carneiro
(Lx, fev, 1914)

maio 22, 2006

Antes de partir...

Trago-te as palavras, e este cigarro que fumaremos os dois... e do mar recolhi esta coroa de rubras escamas e o silêncio dos náufragos... uma concha, um punhado de sal e a moeda de ouro que te enterro na boca antes de prosseguires viagem.
Al Berto
Canto do Amigo Morto

maio 16, 2006

Sexo fraco... incapaz de dar à luz poesia

"Se eu fosse mulher - na mulher os fenomenos histéricos irrompem em ataques e cousas parecidas - cada poema de Álvaro de Campos (o mais histericamente histérico de mim) seria um alarme para a vizinhança. Mas sou homem - e nos homens a histeria assume principalmente aspectos mentais; assim tudo acaba em silêncio e poesia..."
Fernando Pessoa
in Carta a Adolfo Casais Monteiro
sobre a génese dos Heterónimos

Creio que Lispector lhe murmura lá nos céus: "Perdão é um atributo da matéria viva".

janeiro 21, 2006

Uma aprendizagem ou o livro amargo....

Frente ao texto, aqui estou. Não me resta mais nada a não ser verter em palavras os sorrisos perdidos entre o olhar e a memória. Na ausência, tudo se veste de luz; numa cornucópia lancinante buscando os rasgos de querer e as vontades que vão e se vão e voltam a assumir essa volúpia estranha caracterizada pelos humanos como o sentir. Sento-me e peso a ternura das frases deixadas perecer no tempo. Seria a discórdia que separou de mim o conteúdo desta escrita, outrora feita por retalhos, riscos e gritos permanentes, assomando a nitidez de um nevoeiro e dando-lhe a veemência de se poder concretizar em vida. Passa por mim, muitas vezes um poema. Um poema de uma mulher desfeita. Uma mulher sentada num sofá onde existiu a marca de um outro corpo. Uma mulher que toma constantemente um café amargo, numa chávena amarga, num sorriso amargo, na amargura do fumegar amargo desse tão simples café: amargo.

novembro 29, 2005

Lucidez

"- Dá-me a tua mão. Porque não sei mais do que estou falando. Acho que inventei tudo, nada disso existiu! Mas se inventei o que ontem me aconteceu - quem me garante que também não inventei toda a minha vida anterior a ontem?"
Clarice Lispector

Clarice


"Falta muito a contar. Mas há alguma coisa que será indispensável dizer.[...] É que não contei tudo."

in A Paixão segundo G.H
Clarice Lispector