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maio 30, 2007

Portões de sabre

Foto: David Sousa
Apeteceu-me pintar a cara de negro e integrar-me na solidão azul da noite a fazer-se de meu cobertor... Era já tarde para me fundir no rosto da noite... Era já tarde para adormecer no corredor paralelo ao índice supremo dos meus sentimentos confusos expulsados em colorido pela íris de uma florzinha sem pétalas... esvoaçada por um simples sopro...
Era inevitável encontrar os sapatinhos vermelhos debaixo da cama junto do rabinho do gato adormecido e esquecido ao pó... o gato vermelho que ambos, tu e eu fizemos de árvores só porque não nos apetecia chorar as lágrimas devidas... Promete-me... promete-me uma coisa muito simples... muito clara: não me deixes adormecer até transformar a energia desta fresta em novidade e estranhamento de petulâncias e infantis medidas sociais do dia a dia. Trevo da sorte em toda a rua verde à volta do castelo... ergue-se a ponte levadiça.. ergue-se e abate-se sobre o chão... vejo tuas listras no ventre... é madrugada... já se abrem e ouço teu choro a dizer , o coração a ficar, os olhos a vidrar e o corpo a partir...

abril 01, 2007

Partida II

foto: Alba Luna

A alma a derreter-se de cor nesta fuga
Na essência de nos darmos ao silêncio
De repercutir o sorriso
De escutar o esboçar de lábios
No bolso da algibeira
Debaixo da saia
Por baixo, não antes, mas por baixo
E deixar para trás a suplica
Deixá-la aclarar na vadiagem da luz..

março 03, 2007

Magnólias...

Foto: Suzana Costa

Somos a suavidade das luzes a entoar-nos no corpo
Uma epiderme demente na coroação da paz
Da tranquilidade
Do toque inacabado...
Exacerbadamente colorido pela dor de vida
Servimos no espaço névoo um banquete
Um banquete...
E nele o verdadeiro teatro sem máscaras
Pura semente em si mesmo.

fevereiro 14, 2007

Two

Foto: Catarina Mateus

As Lágrimas respiram em veludos de beijos secretos.

janeiro 30, 2007

Mudez

foto: Angelica

Seguro meus lábios de encontro a meu peito...
Floresço-me devagar...
Sorrio-me devagar...
Não encontro os sonhos na pétala da tua boca...
Esqueço-me do mar
Escondo-me da vida
Frente a frente fujo-me

Limito-me a esperar de horizonte ao sol
Com a concha das flores agarrada à mão
E os olhos vidrados na nudez do sentimento

Calo-me...

setembro 01, 2006

Lema Azul

Indifference

I will light the match this morning, so I won't be alone
Watch as she lies silent, for soon light will be gone
Oh I will stand arms outstretched, pretend I'm free to roam
Oh I will make my way, through, one more day in...hell

How much difference does it make
How much difference does it make...

I will hold the candle, till it burns up my arm
I'll keep takin' punches, until their will grows tired
Oh I will stare the sun down, until my eyes go blind
Hey I won't change direction, and I won't change my mind

how much difference does it make
how much difference does it make..
how much difference...

I'll swallow poison, until I grow immune
I will scream my lungs out till it fills this room

How much difference
How much difference
How much difference does it make
How much difference does it make...

Pearl Jam
(VEDDER/MCCREADY/GOSSARD/AMENT/ABBRUZZESE)

agosto 05, 2006

Chuva...

Foto: Toninatto
Sentir as gotas de chuva no meu cabelo ao sol
Afundar-me nelas...
Adormecer nesse calor húmido
Nessa transparência de ser-me...
E navegar...
Navegar meus pés na terra molhada
Abraçada a essa frescura...
Sentir...
De mãos e pés nús...
Mãos erguidas ao sol
Pés enterrados à lama da vida...
E renascer...
Renascer na benção
Concebida pelo existir-me..

julho 31, 2006

Susurro...

foto: Angélica
A distância onde me deito
São estes lençóis que falam
São esta espera sandia que em mim cresce
E por onde se estende o olhar
O ruminar de meu corpo
O ranger de meus dentes
Os açoites desmesurados no luar fugidio
São as estrelas que caminham
São as flores semi-nuas
Por onde flutuo e esvoaço
São estas ondas meninas
São estes montes descobertos
A brisa do sorriso
A ternura do arrepio capilar
E as vozes pequeninas do mundo
E as vozes pequeninas do sonho
E as vozes pequeninas a assomarem
A prescreverem a luz...
E se esta distância onde me deito
É colo da minha quimera
Que se encurte a vista
Que se salve o sonho multicor
E a cegueira me absorva...
Essa distância onde me deito...
Esse peito meu ofegante....
Seja não mais nunca distante
E me permita ancorar...

maio 27, 2006

Traços - parte III


Primeiro minha boca serena... sufocava densa dentro da tua... Rasgámos os lencóis de nossos corpos... implorámos ficar um junto do outro enquanto as lágrimas asssomavam uma lagoa de sal e mel à sombra da grande árvore de madeira, onde tantas outras vezes nos abraçávamos. Cinzel esguio vincava meu corpo em sangue... vincava-o em traços de cor e sorriso, a pouco e pouco, bem devagar... O arrepio no fundo das costas... o relógio dentro do copo de água, a flutuar... as ondas das aves a cobrirem-nos de grito e desespero... Tremíamos... Tu voltaste-te para a Alba e mergulhaste suave:
- Vem ter comigo...
Deram as mãos suaves e eu adormeci no espectro lunar, a agudizar a sombra do primeiro raio da manhã...
- É cedo...
E o levitar de meus barcos oníricos afogou meu corpo nos espelhos cansados dessa nudez pura... imobilizando-o no sono meigo.

maio 25, 2006

Não...

No conteúdo da rejeição, absorvo o cimo demente da trepidez incolor de ter-me. Aceito a névoa a sulcar-me o corpo, enterrando-o noite fora... Absorvo densamente o teu "não" a aglutinar-se-me à face. Traços já pré-existentes obrigam-me a aceitar essa pequena negação transmutando-a em abismo amplificado. Sou o eu sem aceitar essa palavrinha decontradição em relação a mim mesma. Contextualizo-a numa infame proporção, elevando-a ao estado maior dessa significância. Perdoar-me a mim mesma se conseguires ver-me nesse perdão...

março 01, 2006

Folheando...

Mudez multicor de teu beijo ainda menino. Turvam-se-me os olhos na escassez sem pressas a desflorar teus lábios arco-íris... Catapulto-me ab nominem dei na tertúlia desse vento batente em minhas portas ogivais tão azuis. Penetro esse olhar ainda mais azul anilando-me no cio da noite pelas montanhas frias e tépidas ao rubor do pôr solar. Ínfima maravilha a mergulhar nas sombras de abandono. Corroo a paisagem de tanto me abstrair dela. Sinto o semblante vivaz despir-se à minha frente. Jardins violetas a fluírem anémonas marinhas folhas fora numa janela outonal. Pressente-se a dor e o pré-ausente de ficar colorida perante meu desejo insípido, carnudo e violento a esmordaçar o pecado numa demência de dentes e ferros. Seria a escadaria de papel junto à turbulência dos passos num castelo ausente de fadas e sincrónico à fresta de uma janela não tão mais ampla. Amanso-me... Caio na felicidade de ser tédio puro. Tão puro quase infeliz mas tão quase pleno preenchendo em mim a melodia do contentamento silencioso em pleno amanhecer... Perdoo o cair compassados das pétalas intra-vitrum clepsidra. Perdoo porque o não sei dizer ou expressar numa outra maneira. Uma simples letra a evadir-me o espectro. Não luz... espectro... invasão precisa de uma mente vazia de ausência...