maio 24, 2007

Memória do Real

Foto: Raul Alexandre

Traços de vida recortados antes do sol nascer
Arautos de escolhas tecidas no ventre negro
Da plenitude, da atitude máxima
em tentativa de deglutição absurdamente nervosa...
Traços de vida desperdiçados antes do sol morrer
E nem uma mensagem no caminho que se dobra
Permite o esquecimento
No fotolito quebrável da fragilidade
de sermos nossa e ser nossa recordação
no sempre...

7 comentários:

Pierrot disse...

Uma vez mais, casas a foto muito bem com o texto.
Retenho a frase:
Traços de vida desperdiçados antes do sol morrer
Bjos daqui
Pierrot ausente

Serenidade disse...

Magnífico, simplesmente magnifico, adorei.

Serenos sorrisos

Aestranha disse...

Lindissimo... Fazes-me viajar sem destino...

Beijos

Branca disse...

As recordações acompanham-nos sempre, fazem parte de nós,
por isso mesmo quando já não existe mais nada, mais ninguém, elas mantem presente o que está no momento vazio...

Boa semana! Beijinhos :)

Alê Quites disse...

Perfeito encontro entre palavras e imagem.
Adorei!

Filipe disse...

Mais uma razão para não desperdiçarmos as oportunidades (entre o sol nascer e morrer) da vida.

linfoma_a-escrota disse...

SÍNDROMA PRÉ-ESQUECIMENTO

Rabugento
este interminável mar de memórias
que são os equívocos passados,
tento não perdê-los...
(muito me dilacera
a pequena ideia do
esvaír-se do tempo)
Nestes fugazes sonhos alados,
sublimes,
sempre sublimes,
desaparece o momento,
a plenitude divina em
que deixámos de acreditar
como se não tivesse acontecido,
esquecemos...

É o meu eu metamorfoseado,
orfão de deus,
bastardo das influências,
filho da decadência
que diz respeito a todos os homens.
Tal é a naúsea da alma,
tanta é a cultura proscrita
que me ultrapassa sempre
(boquiaberto),
permaneço abismado e inútil...
Todo o oculto sentido
destas sôfregas experiências
devo relatá-lo e
guardá-lo taciturno
no meu precioso livrinho
das perguntas a responder,
preciso...

Alimenta-me de ódio
(tão triste)
este deprimente desperdício
duma barbárie inconstante
(civilizada?)
que não cessa de se proclamar
(de se lamentar vezes sem conta)
em atestados de estupidez,
em rótulos espirituais,
em mensagens subliminares básicas;
é o inevitável que me enoja,
é o que vejo...
Este queixume
peculiar e reconfortante
das sensações que desejo relembrar,
todas...

É o mundo,
(louvo-o mas inquieta-me)
graças a ele
expia-se a glória da individualidade,
mas ao menos sei
que a minha bexiga mija,
que o meu coração chora,
(o amor e a morte
porque suspira,
saltando ao eixo na vida) e
que o meu cérebro se vai queimando
(sem limites,
só complexos e ressentimentos)
bem devagarinho
em pensamentos pseudo-filosóficos
(desespero e desordem)
sobre o natural,
o egocêntrismo,
este habitat de gozo
e o nada...

Assim esqueço
a frustração de desconhecer.

2002
in S&M /sem-nome & mal-dito\



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