maio 30, 2007

Portões de sabre

Foto: David Sousa
Apeteceu-me pintar a cara de negro e integrar-me na solidão azul da noite a fazer-se de meu cobertor... Era já tarde para me fundir no rosto da noite... Era já tarde para adormecer no corredor paralelo ao índice supremo dos meus sentimentos confusos expulsados em colorido pela íris de uma florzinha sem pétalas... esvoaçada por um simples sopro...
Era inevitável encontrar os sapatinhos vermelhos debaixo da cama junto do rabinho do gato adormecido e esquecido ao pó... o gato vermelho que ambos, tu e eu fizemos de árvores só porque não nos apetecia chorar as lágrimas devidas... Promete-me... promete-me uma coisa muito simples... muito clara: não me deixes adormecer até transformar a energia desta fresta em novidade e estranhamento de petulâncias e infantis medidas sociais do dia a dia. Trevo da sorte em toda a rua verde à volta do castelo... ergue-se a ponte levadiça.. ergue-se e abate-se sobre o chão... vejo tuas listras no ventre... é madrugada... já se abrem e ouço teu choro a dizer , o coração a ficar, os olhos a vidrar e o corpo a partir...

5 comentários:

Alê Quites disse...

Você usa uma frase que eu amo:
"Perdão é um atributo da matéria viva." Lispector

Seu blog anda cada dia mais encantador. Parabéns!
Beijos*

A Princesa disse...

Obrigado pela visita, e quanto ao moinho abraço-o sempre que posso. O teu Blog é fantástico, vou passar mais vezes

Brain disse...

Cinza,

As tuas visitas são agradáveis surpresas.
Os teus escritos... Também!

Beijo.

Desassossego disse...

Apeteceu-me pintar a cara de negro e integrar-me na solidão azul da noite a fazer-se de meu cobertor... e descansar serenamente, embalada pelos sonhos....
Beijo doce.

Espaços abertos.. disse...

Deixar embalar os sonhos é uma forma de mergulhar e divagar na solidão azul e translúcida da noite.
Bom fim de semana
Bjs Zita