De um lado da sala...
De um lado da sala estava a ausência da chuva. Um corpo reclinado no sofá ansioso pela manhã a fim de poder dormir. Abraçava a chávena de café borbulhante como se de uma criança frágil se tratasse e no tédio citadino ouvia as asas das pombas a fumegarem sombras estranhas no tecto de iluminação quase azul. Tinha nascido há quase um século e deitara-se no aconchegar murcho de poder vivenciar a intensidade proscrita daquilo a que chamavam juventude. O quadro na parede eram linhas direitas. O acre do café inadoçado amargava-lhe o olhar. Olhar meigo, redondo, negro... tão negro duma profundidade mística de cais abandonado... O telefone tocou. Ouviu uma pausa. Tocara uma só vez. Sentia um calafrio... os seios mimosos acariciavam-se mutuamente em nudez de segredos não revelados nesse afago. Estaria pronta a enfrentar a campainha grítica daquele sem fios a incendiar-lhe a curiosidade? Resolveu adormecer antes que fosse manhã. Resolveu sonhar antes que fosse tarde e resolveu acordar para mais uma noite de insónia abraçada ao fulminar vital.
Do outro lado da sala chovia. Um[...]